quinta-feira, 8 de julho de 2010

Crescimento sustentável

Grande meta a ser alcançada pela sociedade global é a do crescimento sustentável. A economia ao lado do regime neoliberal tem chegado a níveis importantes para o bem estar social. Mas, na contemporaneidade, não se pode mais falar em economia dissociada do meio ambiente e dos cidadãos. Deve-se crescer sempre pensando em como chegar a um bom equilíbrio entre as finanças e o meio ambiente. Nesse contexto evidenciado, surge, então, a questão: como alcançar o crescimento sustentável?

Antigamente, quando a cultura de produção ainda era arcaica, não havia qualquer preocupação com a sustentabilidade devido à falta de conhecimento, de informação e da própria evolução. Tempos depois brotou a mecanização que proliferaram as inúmeras instalações de fábricas e de corporações. A quantidade de gás carbônico e de outros poluentes lançados na atmosfera foi exorbitante; pesquisas passaram a mostrar este quadro e a necessidade de se fortalecer o liame entre o crescimento econômico e a sustentabilidade. O Protocolo de Kyoto surge com tal busca pela responsabilidade. Hoje não há mais como dissociar a economia do meio ambiente, pois ambos existem em associação e cooperando entre si. Fugir a essa regra de pensamento caracterizaria um retrocesso.

Crescimento econômico é fundamental para toda e qualquer nação que tenha como finalidade concretizar o bem estar, a educação e a redução das desigualdades entre seus cidadãos. Através da economia se torna possível alcançar a qualidade de vida. E o meio ambiente? Este também é imprescindível ao mundo e ocupa papel de importância mundial.

A todo o momento as pessoas, telespectadoras, vêem nos noticiários desastres naturais acontecerem. Enchentes, inundações, desabamentos são conseqüências da falta de infraestrutura do governo - e mesmo da sociedade - ao cuidar do espaço territorial. Todo país quer crescer e chegar à cúspide do desenvolvimento, mas não pode se esquecer da sustentabilidade. Ações públicas mais cidadãos têm que caminhar rumo ao crescimento sustentável através de medidas que sejam eficazes, pois não cabe somente ao governo atua. Os homens caem no erro quando acham que somente é papel estatal o de cuidar do sustentável. Cada um tem que fazer a parte que lhe cabe.

É necessário aliar benefícios financeiros e ambientais para se chegar ao bem da sociedade. Economia e meio ambiente se complementam; não podem, portanto, ser vistos em separação, pois, juntos, formam uma verdadeira nação. Políticas públicas devem ser implementadas pelo governo para que se chegue ao crescimento sustentável. Entretanto é erro afirmar que só o Estado deve agir. A sustentabilidade é alcançada também com o apoio popular. Homens e Estado, cooperando mutuamente, são instrumentos que guiam ao crescimento sustentável.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Qual o papel da imprensa numa sociedade democrática?

O mundo contemporâneo ao lado do processo de globalização e do regime neoliberal prega a livre circulação de informações. Na verdade é quase uma exigência à medida que se deseja a constituição da democracia. Diferentemente de anos passados, hoje, a troca de conhecimentos e de informação acontece a todo o momento. Pessoas de norte a sul se falam e compartilham experiências. É inquestionável que todo cidadão tem o direito à informação, e, nesse quadro, a imprensa vêm a ser fundamental ao passo que fomenta este direito. Surge, então, a inquietação: qual o papel da imprensa numa sociedade democrática?

Primeiro, a imprensa, como facilitadora do acesso às informações pelo cidadão, deve ser aliada a este e a verdade, buscando, de modo incansável, não se desvirtuar dos princípios e dos valores constitucionalmente postos na sociedade. São valores que envolvem a moral e o que é eticamente correto. É claro que a determinação do ético e da moral sofre variação de acordo com o espaço territorial e a própria mentalidade de cada comunidade. O que é certo por uns pode ser errado por outros. Mas é invariável a questão de que a imprensa deve encaminhar junto com a moralidade e a ética. A imprensa não pode andar na contramão da moralidade e da ética.

A imprensa é instrumento da democracia que permite a todos o saber. O sistema democrático afirma ser direito de toda a pessoa o de ter acesso às informações. Fugindo a essa regra a sociedade caminharia rumo a uma repressão social presente no período da ditadura instaurado na sociedade. Quando se fala em democracia a imprensa está incluída exercendo o papel de promover e de facilitar aos cidadãos ter conhecimento dos acontecimentos socioeconômicos e culturais.

Fato é que a imprensa exerce papel fundamental na sociedade que se afirma democrática de direito. Não existe democracia sem imprensa, pois o acesso a informação é direito de toda pessoa. Nesse contexto, a impressa promove o saber entre os cidadãos, fornecendo a estes conhecimentos.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Por que o patriotismo brasileiro só se revela em época de Copa do Mundo?

De quatro em quatro anos a sociedade global se transforma. Todos os cidadãos viram telespectadores do mais esperado espetáculo do mundo. A sociedade brasileira não se comporta diferente. Nesse contexto de Copa do Mundo, grandes são as mudanças tanto socioeconômicas e culturais quanto de identidade do ser. As pessoas céticas da sua nação passam a idolatrá-la com uma paixão inquestionável. Em tempo de Copa a paixão de ser brasileiro renasce e se enraíza no território. Surge, então, a questão: por que este patriotismo só se revela em época de Copa do Mundo?

Parece mágica o que acontece em ano de Copa do Mundo. Os brasileiros se comportam da forma mais patriota possível – se é que é um patriotismo. São tantas as manifestações do amor à pátria: pintam-se – corpo e mente – de verde e amarelo; colocam bandeiras em carros e nas janelas dos seus lares; e assopram com fervor as vuvuzelas. Brasileiros se transformam; o tempo se transforma. A vergonha e o desgosto que os cidadãos sentiam a todo o momento pela corrupção que assola o país e pelos crescentes níveis de desemprego, de pobreza e de falta de assistência estatal são esquecidos.

Será que algum brasileiro soube das enchentes dos estados nordestinos ou será que só sabem dos placares no campeonato? Será que alguém se lembra do que houve em Santa Catarina ou acompanha o que acontece no Congresso Nacional? Fato é que em tempo de Copa do Mundo tudo é esquecido, com exceção ao patriotismo. Este floresce e depois murcha como uma flor. É um florescimento de temporada – esta é de quatro em quatro anos. Depois de passada essa fase de Copa tudo volta ao normal, inclusive, a falta de amor de ser brasileiro. A Copa do Mundo se identifica a uma válvula de escape, onde fica possível uma verdadeira fuga da realidade, afinal, com os jogos em vista ninguém vai querer saber dos seus problemas. Na história do Brasil – mais precisamente na ditadura – a Copa foi utilizada com essa finalidade. Quem pode negar?

No cotidiano, sem Copa, o patriota some. O próprio sistema neoliberal em conjunto com a globalização propicia esse quadro. A grande troca de cultura e de informação faz com que se perca a identidade nacional, pois, o que há agora é uma única nação: a global.

Necessário se faz que a nação brasileira seja mais justa e correta, pois, assim, não aconteceria esse fenômeno de temporada. O patriotismo sempre estaria vivo. É preciso haver uma real justiça e melhoras sociais para que o patriotismo seja constante.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O que é ser homem nos dias de hoje?

Desde os primórdios da sociedade o homem e a mulher já haviam sido estigmatizados. Homem era aquele detentor do poder, quem comandava a família e coordenava as principais funcionais que a sustentavam socioeconomicamente. A mulher, por sua vez, não tinha um papel tão imperioso quanto o do homem. Ela, na verdade, era submissa a este e devia obedecê-lo sem discussão contrária. Devia apenas cuidar do lar, das crias e ser sempre disponível ao homem quando este a solicitava. Enfim, um quadro simples de ser compreendido e executado, com tarefas previamente determinadas. Não há nenhuma informação nova que possa causar espanto, que choque, pois, até hoje, na contemporaneidade, é possível encontrar esse retrato. Claro que houve mudanças – que foram muitas – e agora se discute: o que é ser homem nos dias de hoje?

A sociedade está ganhando um novo perfil ao passo que acompanha as transformações globais. Com o tempo, o mundo que era socialista virou capitalista e massificou seu regime econômico, social e cultura entre todos os espaços territoriais. O mundo agora não tem mais diferentes pólos; ele é único. Foi assim, nesse contexto de mutações, que o homem também mudou de papel. Homem não é mais aquele que possui exclusivamente o poder familiar e nem a mulher é aquela sem voz. Hoje, a mulher, independente, – que era a dona só do lar – é a líder da empresa, é a dona do seu mundo. Ela não precisa mais do companheiro, pois pode fazer e tomar qualquer decisão sozinha. A mulher pode ser quem quiser à medida que possui igualdade perante o homem constitucionalmente garantida.

Homem e mulher passaram a assumir os mesmos direitos e deveres. O homem não é mais superior a ela. Dividem os mesmos espaços, as mesmas posições em empregos e nas tarefas da casa. O homem agora também cuida dos filhos – às vezes, até mesmo sozinho como pai solteiro e separado da sua companheira -, cozinha e pode expressar seu lado sentimental, que tinha sido reprimido, pois homem de verdade era aquele que, por exemplo, não chorava. Homens e mulheres se convertem a todo o momento buscando o bem estar e a felicidade. O ser feliz é primordial.

O ser homem e o ser mulher de hoje não é mais como era antigamente. As mentalidades evoluíram e a sociedade mudou junto com as mudanças do globo terrestre. O mundo exige transformações sociais. Homens e mulheres devem exercer os mesmos deveres e possuir iguais direitos, pois atuam com perfis semelhantes na comunidade. A mulher não deve ser enxergada como só dona da casa e nem o homem como dono do poder. Eles agora buscam crescer social e economicamente com a igualdade já afirmada na Constituição.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Muros visíveis e invisíveis

Desde tempos passados, passando pela crise da “casa grande e senzala” até a contemporaneidade, a sociedade brasileira é marcada pelas desigualdades sociais que são fortalecidas por raízes cada vez mais fincadas em território que propicia as desigualdades na medida em que são envoltas em um sistema socioeconômico e cultural no qual os mais poderosos lutam para se manterem na cúspide da pirâmide social, enquanto os menos favorecidos lutam pela sobrevivência sem qualquer força de discussão. Essa realidade possui fortes pilares com base histórica. Com toda essa desigualdade social, o Brasil é uma nação que se afirma democrática de direito, mas que não consegue romper com os laços coloniais da desigualdade, seja por impossibilidade ou mesmo por falta de interesse. São inúmeros os elementos em jogo: interesse – como já enunciado -, vontade, a própria história de constituição da nação brasileira, que, inevitavelmente, já corrompe – direta ou indiretamente - as futuras formações das pessoas.

A desigualdade social que hoje é sentida, já foi percebida anteriormente, perdurando, assim, através dos tempos e, talvez, seja por esse motivo que esse contexto desigual esteja tão impregnado na sociedade. Existe um longo histórico que fortalece a estrutura da sociedade. O próprio regime socioeconômico e cultural difundido pelo mundo massifica a desigualdade e, de certo modo, dá gênese para que existam indivíduos com poder aquisitivo cada vez maior e outros que buscam incansavelmente alcançar esse ápice. É um sistema que impõe essa atividade de fomentação pelas riquezas entre os indivíduos. Gente cada vez mais rica e gente que quer também toda essa riqueza. É um ciclo da desigualdade e do individualismo, pois, não há espaço para todos. Cada um tem que buscar o que é seu independe de quem é o seu próximo. Não se fala em dividir riquezas; em distribuição dos maiores com os menores. O que se quer é o mais e mais para si, e só para si.

Nesse contexto é que se constroem os muros que dividem as pessoas. Se não são todos iguais, colocam-se muros e tudo se estará resolvido. São muros altos, fortes e que crescem a todo o momento, assegurando, assim, a proteção por conta da vizinhança inóspita e hostil. Esses muros são erguidos como explicação para a violência que os atingem, mas na verdade existem outros pontos que também estão em questão. Muros da segregação, assim por dizer.

Não é nenhuma novidade o fato de que os mais afortunados não querem se misturar com a plebe. A história do Brasil é marcada por isso. Assim como diferentes credos e ideologias não querem. Intolerância perante o desigual faz parte da cultura brasileira e é assim que os muros, visíveis ou invisíveis, surgem como aparato eficaz para problemas desse gênero.

A apartheid que durante anos se mostrou presente e extremamente perceptível no continente africano não é característica única deste espaço territorial. Os muros da desigualdade construídos no Brasil são uma prova de que a apartheid está aqui. São muros que se constroem com a segregação entre as diversidades e nutrem-se com a intolerância e o preconceito. Esses muros não precisam estar visíveis aos olhos – como os vidros blindados, por exemplo -, pois se constituem de uma forma superior que vai além do material e do que pode ser visto. Muros que existem pelo concreto e além deste.

Diante dessa realidade nada se tem feito para que os muros sejam extintos. Com relação ao aspecto socioeconômico, o desemprego, a falta de oportunidade de estudos – que são fatores cada vez mais constantes – fazem crescer os muros. Enquanto a população mais pobre enche as favelas já bem lotadas, os mais ricos procuram morar nos luxuosos condomínios que crescem ao lado dos morros num completo disparate. E o que os separam? Muros. Não há como negar que a apartheid social existe. Quanto aos credos e às ideologias o mesmo acontece: segregação.

A economia mundial que prega o capitalismo voraz trás consigo conseqüências de grande intensidade à medida que exclui toda e qualquer forma de socialização da economia entre os cidadãos. Essa individualização dos bens contribui preponderantemente na construção dos muros. O problema que existe não é da falta de estrutura, mas sim de uma superestrutura na medida em que o que se questiona é a individualização que tem havido na sociedade. As pessoas querem ficar tão ricas quanto aquelas que já são e não pensam em dividir suas oportunidades com outras. O lema é: cada um por si e ponto.

Cada muro – visível ou não – que é construído está impregnado de elementos que completam o conjunto da desigualdade social. A história já contribui enormemente na essência e ao seu lado os pré-conceitos, a intolerância, a falta de interesse de querer o melhor não só por si, mas para todos, constituem os pilares que fortalecem o quadro da desigualdade. É preciso haver uma nova postura de todos os indivíduos para que ocorram mudanças de fato na sociedade; para que sejam derrubados esses muros que fomentam a caracterização da apartheid.

Drogas: ilegalidade ou escolha?

O contingente de pessoas envolvidas - direta ou indiretamente - com as drogas é cada vez mais crescente. O grupo de indivíduos que se apóiam nas drogas se divide entre aqueles que realmente as consumem e aqueles que sofrem por causa destes usuários, além, claro, daqueles que fornecem as drogas. Discutem-se ainda quais fatores levariam o indivíduo ao uso das drogas, pois não uma singularidade para a causa. As pessoas pensam diferentemente, as drogas são estimuladas também de forma diferente. Cada pessoa se sente motivada pelas drogas a partir de determinadas circunstâncias. Mas, afinal, em relação às drogas há ilegalidade ou é questão de escolha de cada pessoa? Fato é que no Estado Democrático de Direito em que o Brasil se afirma constitucionalmente as drogas são ilegais.

A sociedade brasileira vive atualmente em um mundo cercado de difíceis escolhas, e, certamente, estas sejam conseqüências do regime socioeconômico e cultural impugnado pela moderna comunidade que exige o melhor sempre de cada indivíduo para que este esteja em constante evolução. Competições entre as pessoas são constantes; sentimentos ruins brotam a todo o momento e atormentam a vida das pessoas que mantém em seu espírito aquilo que a contemporaneidade prega de não serem admitidas derrotas. Exige-se cada vez mais de cada um e muitas vezes não é possível se dar aquilo que se pede. Nesta dicotomia do ser e não ser surgem as drogas como uma válvula de escape de toda e qualquer dificuldade; como um verdadeiro instrumento de fuga da realidade. As drogas aparecem como um caminho fácil para todos os que ainda não aprenderam a se manterem fortes diante das pressões que os vêm assolando.

Não é só nesse contexto de fuga da realidade que as drogas estão inseridas na vida das pessoas. Sabe-se que muitas apenas enxergam as drogas como uma diversão, uma descontração momentânea - o que não é verdade, pois o consumo das drogas causa dependência. O bom senso de responsabilidade é colocado de lado para dar espaço às drogas. Um espaço que começa ínfimo, mas que vai crescendo e tomando proporções enormes. Famílias são destroçadas, empregos são perdidos, amizades são destruídas, por exemplo. É verdade que cada pessoa tem o livre arbítrio de fazer suas escolhas, porém, até onde vai essa liberdade? Se o que se busca, nesse caso, é a diversão, será que não há outro caminho que não as drogas?

O processo de globalização tem um lado positivo que é a enorme extensão das fontes de informação. Existe, hoje, uma grande troca de conhecimentos que foi facilitada pelo regime socioeconômico adotado no mundo. As pessoas se conectam a todo instante, a todo minuto, de qualquer lugar do planeta, de norte a sul, de leste a oeste. Com tanta informação que circula é fácil encontrar qualquer coisa que se queira conhecer sobre as drogas. Tudo fica mais viável quando se o caminho está diante dos olhos. Basta um click para saber que as drogas não trazem benefícios. Seja a curto ou em longo prazo as drogas são maléficas ao homem. Aparece instantaneamente a dependência física e psíquica. Não existe uma boa motivação que justifique o uso das drogas por qualquer pessoa.

Constitucionalmente, a liberdade é garantida. Os indivíduos são livres, possuem liberdade de ser e de fazer o que quiserem, mas existem limites que surgem quando essa liberdade se choca com os direitos e os deveres dos outros. As escolhas de cada um trazem conseqüências que devem ser analisadas previamente. As drogas não podem se limitar ao campo da escolha, pois vão além desse direito. É questão que exige debates mais complexos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Família na contemporaneidade

Família sempre foi o grande desejo de todos; o principal interesse que todos queriam alcançar plenamente. Isso porque não se podia cogitar em uma pessoa sem família; podia ser até um pecado, quem sabe. Afinal, o que estas, se existissem, seriam? Família era sinônimo de pai – o patriarca –, de mãe – a matriarca – e dos filhos. O pai era quem comandava a família, ou seja, aquele que ditava as regras a serem seguidas por todos os integrantes do grupo familiar; a mãe era quem mantinha a ordem do lar e coordenava os deveres domésticos, não tendo qualquer poder de discussão perante o patriarca, apenas aceitando os dizeres deste; os filhos ouviam os pais – estes diziam proteger e saber do melhor para seu futuro. Num passado bem recente era esse o quadro que se via – e ainda pode se vê entre os conservadores, embora de uma forma mais remota – da estrutura familiar. Mas, hoje, inegavelmente, tem havido mudanças na família e a própria visão que se tinha do contexto familiar não é mais o mesmo. A realidade da família mudou junto com a evolução do mundo.

O conceito de família adquiriu novas perspectivas acompanhando o novo ritmo do mundo. A modernização trouxe diversidades e estas não deixaram de ingressar também na família. Cita-se, em primeiro, a independência da mulher, que evoluiu socialmente, não sendo mais aquela “dona do lar”, agora ela é a “dona da multinacional”. A mulher que se via confinada na cozinha passou a ser vista dentro de uma sala coordenando as atividades de seus funcionários. Cozinhar para o lar? Nunca mais; só mesmo por prazer. A mulher de hoje quer independência, quer crescer na profissão e pronto. Claro, sem esquecer-se da família, mas também não a coloca em posição primordial. Busca conciliar profissão e família para obter êxito pessoal. Os seus filhos, às vezes, sofrem com essa realidade, mas não podem lutar contra, afinal, ninguém está livre dela. Eles próprios já ganharam mais liberdade, seja pela “falta de tanto zelo da mãe”, seja pelo caminho de ser livre que a contemporaneidade prega para todos. Os filhos querem ser livres.

Mulheres, agora independentes, não buscam incansavelmente pelo marido. E nem este pela mulher. Se for para serem felizes, a felicidade também se faz na solidão. O objetivo não é estar acompanhado, mas estar de bem com a vida. Nesse querer viver bem aparecem as novas diretrizes de felicidade que nem sempre incluem no projeto a de formar uma família. Ser feliz agora é o desejo que todos querem alcançar em primeiro lugar.

E quando a família não se faz do modo convencional – homem e mulher com filhos? Não existem maiores problemas. Hoje também são aceitas – voluntariamente ou não - famílias constituídas por dois homens com seus filhos, duas mulheres com seus filhos ou quem sabe apenas um deles com filhos. O que importa como já enunciado é encontrar a felicidade. Homossexualismo ganhou mais visibilidade, pois aquele medo que se tinha de se revelar para o mundo ganhou uma nova postura baseada na liberdade de ser e de fazer o que quiser. A sociedade, por vezes, claro, mantém certo conservadorismo em algumas questões homossexuais - a exemplo do fato de ainda resistir ou ver com repulsa quando casais homoafetivos se manifestam afetivamente -, mas não pode fazer muito, não pode lutar contra fatos da vida. Que o amor é livre, na teoria, todos sabem, mas na prática sempre surge uma controvérsia que seja. Fato.

Casais infelizes? Vem agora o revolucionário divórcio. As pessoas não querem mais viver na depressão de ter que conviver com alguém que não gosta mais ou que não tem mais o mesmo pensamento que o seu. Os seres humanos são diferentes, não existem iguais e as pessoas se casam – ou se juntam no novo linguajar - sabendo disso, entretanto basta que um componente do casal passe a ser um pouco mais divergente que a crise entre eles surge acompanhada por brigas domésticas e cheia da manifestação de personalidade. A terapia de casal ajuda, porém não resolve, então, que tal uma separação? Sim, essa é uma solução eficaz e bastante usual. A família pode então acabar, mas o que vale mesmo é a felicidade do casal, seja separado ou não. Família também se constrói sozinho. Os filhos terminam até agradecendo diante do caos familiar que havia. As mulheres e a sociedade na qual se incluem não lidam mais com a separação como o fim da vida. As mulheres passaram a não ganhar mais aquele título de “separadas” e a não mais sofrerem represálias sociais com a dita separação.

Nesse novo contexto familiar, há também a viuvez que não é mais vista como antigamente e isso se deve a evolução da sociedade. Mulheres que antes amargavam com a morte do seu marido, agora seguem em frente e buscam encontrar – quando querem - novos parceiros da vida, se não encontram ficam sozinhas mesmo. A mulher contemporânea tem consciência de que não necessita mais do homem para viver. Antes a mulher dependia totalmente do homem. Hoje não mais. A independência econômica surge como um dos fatores primordiais dessa não necessidade de parceiro. A visão da importância do casamento não é mais a mesma.

Muito tem se visto também de mulheres que criam sozinhas os filhos e mesmo de pais que criam sozinhos seus filhos. Esses desacompanhados oferecem aos filhos todo amor e educação, lutam para que tenham um futuro esplêndido e não cogitam na necessidade do parceiro simplesmente porque não é preciso.

Com relação ao Direito brasileiro, o novo Código Civil vem se adaptando as novas estruturas familiares, mas ainda falta muito para chegar a um nível que atenda a todos igualmente, dando, por exemplo, as mesmas oportunidades de um casal convencional para casais homoafetivos no que refere às adoções e a possibilidade de casamento pleno.

Não há que se falar, portanto, em falência familiar. O que se vê é um novo significado do que seja família que aparece como conseqüência da evolução do mundo juntamente com a diversidade de pensamento. A família tem acompanhado as atuais tendências de liberdade e de felicidade que tem se construído de todo e qualquer modo. Família não deixou de ser considerada uma base de toda pessoa; um possível suporte para equilíbrio, mas mudou de configuração. A estrutura do pai acompanhado da mãe e dos filhos deixou de ser o modelo de como deve ser a família. Esta agora não tem um pré-conceito certo e determinado. A família contemporânea é outra; é diferente.